Câncer de colo de útero: um tumor frequente, mas perfeitamente evitável
Janeiro também é o mês em que a área médica promove ações para estimular o combate ao câncer de colo de útero.
De acordo com dados do INCA, este tipo da doença é o terceiro que mais atinge as mulheres no Brasil. Ele é responsável por mais de 8% dos casos de câncer no país, perdendo apenas para o câncer de mama e intestino.
A taxa varia de acordo com a região, no Norte, por exemplo, é o tipo mais incidente na população feminina e, no Nordeste e Centro-Oeste, ocupa a segunda posição mais frequente.
Apesar da alta incidência, este tumor é o único que pode ser evitado antes do seu surgimento.
O que é
O câncer de colo de útero é provocado por uma anomalia que faz as células da parte inferior do útero (região que liga o útero à vagina) se multiplicarem desordenadamente.
Na grande maioria dos casos, mais de 70%, esse tumor é um carcinoma de células escamosas relacionado à uma infecção prévia causada pelo vírus HPV. No entanto, existem também os adenocarcinomas, melanomas e sarcomas, que são tipos mais raros não causados pelo vírus.
Vírus do HPV e câncer de colo de útero
Estima-se que cerca de 90% das mulheres entrarão em contato com algum tipo do vírus HPV ao longo da vida e, segundo estudo do Ministério da Saúde, mais da metade da população brasileira, com idade entre 16 e 25 anos, está infectada com o HPV.
Embora exista uma grande variedade de tipos de HPV, apenas alguns podem levar ao câncer de colo de útero.
O câncer é a última etapa da lesão. Desde a infecção pelo vírus até o desenvolvimento do câncer, pode haver um período de 10 a 15 anos. Isso nos dá uma grande margem de tempo para detectar essa lesão precursora e tratá-la antes que se torne um câncer. Explica a Drª Viviane Rezende, cirurgiã oncológica do ICB.
Fatores de risco
O principal fator de risco é justamente a infecção pelo vírus HPV, contraído através de relações sexuais. Por isso, a multiplicidade de parceiros e o início precoce da vida sexual aumentam as chances para este câncer.
A situação econômica da paciente também pode influenciar pela dificuldade de acesso adequado aos serviços de saúde e aos exames de rastreamento, não permitindo que elas tenham a oportunidade de tratar as lesões pré-cancerosas.
Sintomas
Como praticamente todo câncer, o de colo de útero não causa sintomas no estágio inicial. Pacientes com tumores avançados costumam apresentar:
- Sangramento vaginal fora do período menstrual;
- Sangramento após a relação sexual;
- Secreção com forte mau cheiro;
- Dor na região lombar com irradiação para os membros;
- Tromboses, sendo mais frequentes nas pernas;
- Perda de peso.
Tratamentos
Cada paciente é único, assim como a definição do seu tratamento, no entanto é possível listar as principais indicações para cada fase.
Se for identificada uma lesão precursora (que surge antes do câncer), é realizada uma cirurgia minimamente invasiva para a retirada dessa área. Assim, é possível que a paciente nem chegue a desenvolver o câncer.
Em estágios iniciais, quando o câncer está presente apenas no útero, também é feita uma cirurgia para sua retirada.
Em casos avançados, onde o tumor já atingiu outros órgãos além do útero, é recomendado o tratamento com quimioterapia ou radioterapia.
Como evitar o aparecimento do câncer de colo de útero
Para evitar o surgimento desse tumor, a mulher deve manter sua rotina de cuidados e exames com o ginecologista, ir às consultas periódicas e, a partir dos 25 anos, realizar anualmente o preventivo ou papanicolau, uma vez que este é o exame capaz de indicar lesões causadas pelo HPV.
Para evitar essas lesões, o ideal é não se expor ao vírus. Isso é possível através do uso de preservativos nas relações sexuais e tomando a vacina contra o HPV.
O Ministério da Saúde disponibiliza doses para meninas entre 9 e 14 anos, meninos entre 11 e 14 anos e pessoas com o sistema imunológico deficiente, como pacientes com HIV. A vacina também é indicada para pacientes transplantadas na faixa etária de 9 a 26 anos.
Em pessoas que não tiveram contato com o vírus, a vacina apresenta uma eficácia de 97% a 100%.
É importante ressaltar que a vacina não é um tratamento, não surtindo efeito contra infecções já existentes.
Evitar o câncer de colo de útero está em suas mãos. Cuide da sua saúde, realize seus exames de rotina e se previna contra o vírus HPV.