Brasil pode ter falta de medicamento para transplante de medula óssea? Entenda.
Recentemente, viralizou nas redes sociais a notícia de que um medicamento fundamental para o transplante de medula óssea entraria em falta no Brasil. A campanha ganhou força e muitos perceberam que tinham pouco conhecimento sobre este tipo de transplante e todos os recursos necessários para que o procedimento tenha sucesso. Por isso, conversamos com o hematologista do ICB, Dr. Rafael de Sá, para entender melhor o assunto.
Como e quando acontece o transplante
O transplante de medula óssea é um tratamento indicado para pacientes que possuem doenças que atingem as células do sangue. O objetivo do transplante é substituir uma medula óssea doente por uma saudável.
Este tipo de tratamento tem dois tipos: autólogo (realizado com células do próprio paciente) ou alogênico (com células de um doador), e acontece da seguinte forma: após a confirmação de compatibilidade, é feito um procedimento de coleta das células tronco do paciente ou do doador; na segunda etapa, o paciente recebe uma quimioterapia de altas doses. Após esses processos, acontece a infusão das células coletadas.
O transplante autólogo de medula óssea é utilizado principalmente em pacientes portadores de mieloma múltiplo e linfomas. Já o transplante alogênico é mais comum em leucemias agudas e síndromes de falência medular.
Notícia real e preocupante
Como o assunto do medicamento tomou grandes proporções, muitos desconfiaram, mas a verdade é que a notícia da falta do medicamento é real. O único laboratório que fornece a formulação venosa do bussulfano, indicado para pacientes de transplante de medula óssea, pretende encerrar a distribuição no Brasil, podendo gerar grande impacto em pacientes que precisam de transplante. O Dr. Rafael explica o motivo.
O bussulfano é o medicamento utilizado na quimioterapia de altas doses de algumas doenças pré-transplante. Ele destrói as células cancerígenas e prepara o organismo para receber as células saudáveis. Ele é essencial para o transplante.
O movimento nas redes sociais trouxe o assunto à tona e órgãos também estão agindo em nome dos pacientes. Segundo o médico do ICB, a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) e a Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO) têm trabalhado junto ao Ministério da Saúde e à Anvisa para que os brasileiros não fiquem sem esse importante medicamento. O laboratório já garantiu o fornecimento do bussulfano para o ano de 2021, mas estão sendo buscados outros que possam assumir o fornecimento do medicamento.