Da estética à necessidade: como a cirurgia reparadora traz benefícios ao tratamento do câncer
A Cirurgia Plástica é uma especialidade muito conhecida pela sociedade. Procedimentos estéticos ganham destaque por seus resultados rejuvenescedores e também por melhorar a autoestima dos pacientes. No entanto, o que poucos sabem, é que a cirurgia plástica surgiu para corrigir deformidades que traziam prejuízos funcionais e, em menor escala, estéticos, desta forma ela nasceu como cirurgia reparadora.
A cirurgia reparadora, hoje bastante importante no tratamento do câncer, é voltada para a recuperação da forma e da função de partes do corpo prejudicadas por malformações congênitas, queimaduras, excesso de pele pós-cirurgia bariátrica ou procedimentos realizados durante o tratamento do câncer. Em pacientes oncológicos, a atuação mais comum acontece no câncer de pele e de mama.
Cirurgia plástica reparadora e o câncer
O impacto causado pelo câncer na vida dos pacientes traz a necessidade de acompanhamento por várias especialidades, e a cirurgia plástica reparadora sempre andou lado a lado com a oncologia.
Ela [a cirurgia] surgiu para complementar o tratamento do câncer. Apenas retirar o tumor não torna o tratamento completo. Nós passamos do ‘tratar’ o câncer para o ‘tratar’ a pessoa com câncer. O paciente tem necessidades e outros anseios que precisam de igual atenção. Explica o cirurgião plástico do ICB, Alberto Benedick.
No câncer de pele, o cirurgião plástico pode realizar diretamente o procedimento para a ressecção (retirada) do câncer ou atuar juntamente com um cirurgião oncológico, buscando o melhor resultado estético possível. Na mesma cirurgia, o profissional aplica técnicas da cirurgia plástica para realizar o fechamento da área da qual foi retirado o tumor, ou ainda realizar enxertia com pele de outra região do corpo.
Câncer de mama
A cirurgia reparadora é recomendada e essencial para a qualidade de vida da paciente que teve câncer de mama e realizou mastectomia (retirada parcial ou completa das mamas).
Quando acontece a retirada parcial, o cirurgião plástico pode recorrer à reparação por mamoplastia. Com o tecido da própria mama, ele recupera a área da qual foi removido o tumor. Esse procedimento assemelha-se muito a uma redução de mama.
Na mastectomia total, três técnicas podem ser usadas: colocação de próteses, expansores e utilização de retalhos de pele, sendo que tudo irá depender do tamanho da ressecção. Se for retirada muita pele, é preciso recorrer a outra região do corpo; quando é removido mais tecido mamário (composto por glândulas, ductos e gordura) do que pele, a prótese e expansores são a melhor opção.
Os expansores são implantados nas mulheres que não conservaram espaço suficiente para a colocação de prótese no primeiro momento. Eles são uma espécie de próteses vazias, que vão sendo preenchidas com soro fisiológico para a pele ceder aos poucos. Quando atingem o volume ideal, os expansores são substituídos por próteses de silicone.
A colocação das próteses é semelhante à dos procedimentos estéticos. A diferença é que são implantadas atrás do músculo, para maior sustentação, já que a mama não possui mais todos os tecidos.
Assim, nós conseguimos dar segurança à paciente, evitando qualquer tipo de complicação e mantendo a integridade da prótese.
Normalmente, a reconstrução da mama é realizada no mesmo tempo cirúrgico da mastectomia, a chamada reconstrução imediata, pois apresenta mais vantagens do que a reconstrução tardia. Não se opta pela reconstrução imediata se a doença estiver mais avançada ou quando a paciente apresenta problemas de saúde que impeçam a realização uma cirurgia de maior porte.
Acompanhamento
A cirurgia reparadora é mais complexa que a estética e também pode exigir mais etapas, não é raro que a paciente precise realizar, no mínimo, dois procedimentos para obter um resultado final mais próximo da mama original.
Em alguns casos, também é necessário realizar a reconstrução ou reposicionar as aréolas. A soma desses fatores torna o procedimento e a recuperação mais complexos.
Benefícios
Por ser muito ligada à estética, pode-se imaginar que a cirurgia reparadora seja apenas um detalhe no tratamento oncológico, no entanto isso não é verdade.
A mama é um elemento muito importante para a paciente e para o seu bem-estar. Quando fazemos sua reconstrução, a autoestima melhora muito e isso leva até a uma maior adesão ao tratamento médico. As pacientes sentem mais motivação para continuar.