Oncologia: entenda como a especialidade conduz o tratamento do câncer
O tratamento do câncer diferencia-se de outros tratamentos devido a complexidade da doença. O acompanhamento de uma equipe multidisciplinar é essencial, uma vez que o aparecimento de outras doenças durante o tratamento não é raro, e além disso as medicações utilizadas podem causar diversos efeitos colaterais. Todos trabalham em conjunto para promover e manter a qualidade de vida do paciente, e a Oncologia é a especialidade responsável pela coordenação da equipe.
A Oncologia surgiu da necessidade de concentração das decisões do tratamento do paciente com câncer. Este é hoje o profissional de referência para o paciente, é o que mais está em contato com ele, desde a definição do tratamento até o acompanhamento após o término ou para toda a vida, dependendo do caso. Comenta a oncologista do ICB, Luiza Weis.
O oncologista é responsável pelo tratamento de diversos tipos de tumores, e a especialidade subdivide-se entre Oncologia Adulta e Pediátrica.
A medicina cada vez mais de subespecializa, e na oncologia isso também acontece. É preciso haver a diferenciação no cuidado com os adultos e crianças, pois eles têm necessidades completamente diferentes, e um médico especializado pode proporcionar um tratamento personalizado para aquele paciente.
Em seu consultório, Luiza revela que atende mais casos de câncer de pele tipo não melanoma, de mama, próstata, pulmão e cólon.
Esses são os tipos mais comuns na população de forma geral. O envelhecimento e alguns hábitos de vida levam ao maior surgimento dessas doenças, e tanto no Brasil quanto no mundo são os tipos mais incidentes.
Consulta
A grande maioria dos pacientes já chegam com o diagnóstico da doença, mas o oncologista ainda vai seguir uma série de passos para, definir o melhor tratamento.
Normalmente, eles já trazem alguns exames feitos com o especialista que o encaminhou, mas nós solicitamos exames complementares para identificar o estadiamento da doença, que é analisar se está em estágio inicial ou avançado. A partir disso, definimos quais terapias vão ser aplicadas e a ordem.
Tratamento
A medicina oferece várias alternativas para o tratamento do câncer e o oncologista vai definir qual a melhor abordagem. Quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia, imunoterapia ou cirurgia são alternativas que podem ser utilizadas isoladamente, em associação ou em sequência, variando de acordo com cada caso.
O acompanhamento do paciente com o oncologista acontece durante e após o término do tratamento, pois, além das chances do tumor voltar, existem riscos do aparecimento de doenças em decorrência das terapias aplicadas.
Nós seguimos atendendo os pacientes de 5 a 15 anos após a finalização do tratamento, esse tempo depende da probabilidade da doença retornar. No início, consultas e exames são mais frequentes e depois são mais ‘espaçadas’. Quando não há chance de cura, o acompanhamento é para o resto da vida. Também existem algumas alterações causadas pelas terapias, como problemas da tireoide, infertilidade doenças autoimunes… E o oncologista, junto com o especialista, ajuda a lidar com essas situações.
Auxílio na prevenção
Normalmente, o oncologista é procurado quando já se tem a doença, mas também é indicado para orientar quanto à prevenção.
É raro, mas pessoas nos procuram para saber quando devem realizar a primeira colonoscopia, o preventivo de câncer de colo de útero, mamografia, se precisam fazer exame de PSA para câncer de próstata ou se é necessário realizar alguns desses antes do indicado pela história familiar. Nós também fazemos o aconselhamento genético nos casos do histórico da família favorecer a formação de determinados tumores e acompanhamos nos exames de prevenção e eventuais procedimentos para evitá-los.
Participação do paciente
Além de atuar em equipe, o oncologista também trabalha junto ao paciente. Nenhuma decisão é tomada sozinha e a informação é a chave para um tratamento mais efetivo.
O paciente precisa estar consciente e participativo. Ele deve saber a doença que tem, as perspetivas, o objetivo do tratamento e ajudar a tomar a decisão sobre o que quer ou não fazer. Informação é importante. O oncologista e demais médicos devem esclarecer todas as dúvidas que aparecem em cada etapa. Assim, ele já está preparado. O diagnóstico já foi uma surpresa, mas o tratamento não precisa ser.